Eram 4 da manhã e enquanto eu rebolava na cama numa tentativa infrutífera de adormecer (como de costume) vieram-me à mente duas coisas.
Uma delas é a brilhante conclusão que vou documentar já de seguida. A outra era o quanto me apetecia um Big-Mac naquele momento.
Estava, portanto, a relembrar as inúmeras vezes em que fui abordado na rua por senhores que pretendiam aliviar-me o peso da carteira, ou seja, as vezes em que fui assaltado (umas 6 ou 7 apenas) e para meu espanto descobri algo que fazendo todo o sentido me deixou abismado.
Analisando todas essas vezes em que me palmaram descobri um denominador comum. Não era o local, não era a hora, era sim o boné que esses meliantes orgulhosamente expunham no topo das suas caixinhas de ar.
Não me lembro das caras, não me lembro dos farrapos que vestiam, mas o boné branco imaculado da Nike perfeitamente plantado ao milímetro na chanfradura ficou-me gravado na memória.
Eram demasiados casos para ser só coincidência ou uma moda entre quem encarreirava por essa vida de furto.
Reparei também curiosamente que o número de spots publicitários de milhões a que a Nike nos tinha habituado quase que desapareceram por completo.
Juntei 1 + 1 e deu 3.
É por demais evidente que a Nike enveredou por um novo tipo de publicidade: patrocínio de assaltantes.
Em vez de gastarem 50 Milhões a mostrar na televisão o CR9 a dar toques numa bola durante 20 segundos financiaram toda uma maralha de delinquentes gastando apenas o valor de uma palete (meia-palete vá) de bonés. Bonés esses que são fabricados por crianças asiáticas que ao que consta não têm seguro de saúde. E a única coisa que pedem em troca destes prevaricadores é que continuem a fazer o que sempre fizeram.
E funciona. Depois dos vários anos que passaram desde as minhas primeiras experiências como vitima de furto a imagem do símbolo preto sobre o fundo branco ainda continua presente na minha memória e sempre que vou comprar roupa dou por mim a dirigir-me em direcção aos produtos da Nike como que guiado por algum tipo de força sobrenatural. É o chamado poder da publicidade.
Ainda no outro dia estive a ver um documentário sobre marketing e disseram que os cartazes do continente com os preços escritos a vermelho em letra grande são considerados Marketing agressivo. Isto sim é Marketing agressivo.
Não se admirem se um dia forem a passear na rua muito descansados e do nada forem abordados por gunas envergando orgulhosamente indumentárias completas do Pingo Doce enquanto entoam aquele desprezível jingle.
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