domingo, 25 de abril de 2010

A Condição Mais Baixa Da Existência Humana - Parte I

Olá caríssimos.

Venho-vos hoje, e nos próximos tempos (sim porque isto é uma temática muito extensa e com muitas ramificações que têm de ser abordadas), falar na condição mais baixa da existência humana.

E pensam vocês que venho falar das pessoas com Alzheimer que besuntam as suas próprias fezes pelas paredes usando para isso as suas mãos.

Errado.

Essas pessoas estão simplesmente a fazer o mesmo que o Jackson Pollock fazia mas em vez de usarem tintas tóxicas e nocivas para o meio ambiente usam produtos bio-degradáveis de produção própria.
Numa época em que tanto se fala de consciência ambiental é de louvar tal comportamento.

Permitam-me então esclarecer-vos. Venho-vos falar dos sem-abrigo.

Pois é, isso sim é o ponto mais baixo da condição humana.

Todos vocês já se depararam com estas criaturas no entanto ainda nenhum de vocês certamente parou para pensar sobre elas e para isso existo eu. Para pensar e para vos transmitir conhecimentos.

Antes de mais deixem-me ser sincero, eu também não parei para pensar porque eles cheiram mal, ou seja, pensei enquanto me afastava e fazia um ar de repulsa. Mas adiante.

O sem-abrigo é uma criatura curiosa. Tradicionalmente é alguém que perdeu tudo ou no vicio ou por azar, ou por azar ao vicio, ou por vicio ao azar. Vocês percebem o funcionamento da coisa.

No entanto (e aqui começa o meu transmitir de sabedoria) se vocês repararem não existem (ou se existem são poucos) nem sem-abrigo com idade abaixo dos 40 anos, nem sem-abrigo do sexo feminino.

Estão estupefactos? Compreensível. O comum dos mortais não atenta nestes pormenores mas uma mente complexa (eu considero complexa, há quem considere demente mas isso é irrelevante para a temática em questão) como a minha está atenta a tudo. TUDO!

Comecemos então por partes.

Porque não existem sem-abrigo com idades abaixo dos 40 anos?

Curiosos? Acredito que sim. As mentes mais limitadas sentem sempre curiosidade pelo que não compreendem.

A situação profissional de um sem-abrigo não difere muito da de um cidadão normal no desemprego. Só há uma pequena diferença, um cidadão normal no desemprego inscreve-se naquelas coisas que existem por aí cujo objectivo anunciado é arranjar um emprego ás pessoas, coisa que não fazem. Não fazem porque ninguém consegue arranjar um emprego através dessa coisa, mas arranjam uma ocupação diária ás pessoas que consiste em passar horas a fio nesses pequenos departamentos à espera que "chova" algo, respondendo a inquéritos, entrevistas e mais uma série de procedimentos que não resultam em nada mas dão ás pessoas aquela sensação de que estão a fazer alguma coisa pela vida o que as ajuda a dormir descansadas à noite.

Ora os sem-abrigo não se inscrevem nesses tais centros de emprego. Isto porque a única saída profissional possível para eles é a criminalidade.

Este sub-mundo sofre do mesmo mal da realidade do nosso país, há mais procura do que oferta e só os melhores mais jovens e mais aptos (ou aqueles que têm conhecimentos) arranjam algo. Para além disso actuar sozinho está fora de questão sendo que a única opção viável é a adesão a um gangue.

Mas não é fácil entrar para um gangue e a idade é um factor altamente limitativo. Um criminoso sem conhecimentos básicos de informática e internet é um criminoso obsoleto nos dias que correm. Resulta daí que, tal como na "vida real", é muito complicado para uma pessoa acima dos 35/40 anos conseguir uma posição num desses grupos. Além disso os líderes dessas "empresas" dão preferência a mão de obra jovem, com contratos a prazo, baixas remunerações, e de quem se podem "livrar" facilmente recrutando posteriormente mais uma fornada de jovens trabalhadores.

Qual o resultado de tudo isto? Um jovem que se veja numa situação de desabrigado facilmente consegue arranjar um cargo no mundo organizado do crime e rapidamente acaba morto ou com casa (e por casa refiro-me a cadeia). Já um sem-abrigo na meia idade não tem esta mesma facilidade e então é vê-los por aí a dormir em bancos de jardim ou à porta de bancos (mais sobre este assunto lá para a frente).

Aqui está a explicação para o porquê de não se verem sem-abrigo com idades inferiores a 40 anos. Genialidade da minha parte? Sim muita, mas acima de tudo perspicácia e capacidade de dedução.

Sentem-se esclarecidos? Elucidados? Caso tenham qualquer dúvida não hesitem em guarda-la para vós próprios porque não tenho tempo para responder.

Nos próximos capítulos não percam:

-Porque não existem sem-abrigo do sexo feminino?
-Porque dormem os sem-abrigo em bancos de jardim e à porta de bancos?

e muitos outros esclarecimentos que neste momento não me lembro mas que me possam surgir entretanto.

Até à próxima.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Assaltos Publicitários

Eram 4 da manhã e enquanto eu rebolava na cama numa tentativa infrutífera de adormecer (como de costume) vieram-me à mente duas coisas.

Uma delas é a brilhante conclusão que vou documentar já de seguida. A outra era o quanto me apetecia um Big-Mac naquele momento.

Estava, portanto, a relembrar as inúmeras vezes em que fui abordado na rua por senhores que pretendiam aliviar-me o peso da carteira, ou seja, as vezes em que fui assaltado (umas 6 ou 7 apenas) e para meu espanto descobri algo que fazendo todo o sentido me deixou abismado.

Analisando todas essas vezes em que me palmaram descobri um denominador comum. Não era o local, não era a hora, era sim o boné que esses meliantes orgulhosamente expunham no topo das suas caixinhas de ar.

Não me lembro das caras, não me lembro dos farrapos que vestiam, mas o boné branco imaculado da Nike perfeitamente plantado ao milímetro na chanfradura ficou-me gravado na memória.

Eram demasiados casos para ser só coincidência ou uma moda entre quem encarreirava por essa vida de furto.

Reparei também curiosamente que o número de spots publicitários de milhões a que a Nike nos tinha habituado quase que desapareceram por completo.

Juntei 1 + 1 e deu 3.

É por demais evidente que a Nike enveredou por um novo tipo de publicidade: patrocínio de assaltantes.

Em vez de gastarem 50 Milhões a mostrar na televisão o CR9 a dar toques numa bola durante 20 segundos financiaram toda uma maralha de delinquentes gastando apenas o valor de uma palete (meia-palete vá) de bonés. Bonés esses que são fabricados por crianças asiáticas que ao que consta não têm seguro de saúde. E a única coisa que pedem em troca destes prevaricadores é que continuem a fazer o que sempre fizeram.

E funciona. Depois dos vários anos que passaram desde as minhas primeiras experiências como vitima de furto a imagem do símbolo preto sobre o fundo branco ainda continua presente na minha memória e sempre que vou comprar roupa dou por mim a dirigir-me em direcção aos produtos da Nike como que guiado por algum tipo de força sobrenatural. É o chamado poder da publicidade.

Ainda no outro dia estive a ver um documentário sobre marketing e disseram que os cartazes do continente com os preços escritos a vermelho em letra grande são considerados Marketing agressivo. Isto sim é Marketing agressivo.

Não se admirem se um dia forem a passear na rua muito descansados e do nada forem abordados por gunas envergando orgulhosamente indumentárias completas do Pingo Doce enquanto entoam aquele desprezível jingle.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Amigos Coloridos - A Mentira da Verdade

Ontem à noite, durante o meu tradicional momento de reflexão sobre as grandes questões da existência humana que realizo sempre antes de pregar olho, veio-me à mente um conceito de relacionamento humano que existe há uma série de anos e que nunca foi questionado. Até hoje.

Falo-vos pois dos "amigos coloridos" ou como se diz em inglês "fuck-buddies".

Digo-vos que tenho dificuldade em compreender este conceito. Não por eu ser retrogrado e limitado mas por este ter semelhanças óbvias com um outro tipo de relação inter-pessoal.

Atentemos na definição:

Amigos coloridos - são, por norma, duas pessoas de sexos opostos que se conhecem há algum tempo e que têm um bom relacionamento de amizade. O que distingue esta relação de uma normal boa amizade é o facto de os intervenientes partilharem entre si pormenores íntimos e incorrerem regularmente em actividades de natureza sexual.

Se isto é a definição de "Amigos-Coloridos" vamos então ver a definição de um outro termo:

Namorados - são, por norma, duas pessoas de sexos opostos que se conhecem há algum tempo e que têm um bom relacionamento de amizade. O que distingue esta relação de uma normal boa amizade é o facto de os intervenientes partilharem entre si pormenores íntimos e incorrerem regularmente em actividades de natureza sexual.

(Sim eu fiz copy&paste se é isso que estão a pensar...)

Como podem constatar, caríssimos leitores, as semelhanças são óbvias e inegáveis. No entanto existe uma, e uma só diferença que distingue estes dois conceitos e os torna diametralmente opostos. Essa diferença assenta no facto de numa relação de amizade colorida existir a liberdade para haver relacionamentos sexuais com outros parceiros enquanto um namoro pressupõe um relacionamento exclusivo e monogâmico.

Posso então concluir que os amigos coloridos são o 007 dos relacionamentos amorosos. Têm licença para encornar.

E isto era muito bonito e ficávamos todos esclarecidinhos não fosse o facto de existirem pessoas que tendo namorado(a) também têm simultaneamente um "amigo colorido". Conhecem casos assim? Pois eu conheço.

E perguntam vocês: "Mas isso é possível?"

E eu respondo: "É e não é."

No fundo é uma questão de definições.

É impossível dividir um bolo por 0 certo? Certo. Mas é possível dividir um bolo pelo George W. Bush não é? É. E ele é o quê? 0.

Como vêm acabei de dividir por 0 e obter um resultado possível. É tudo uma questão de definições.

Então o que acontece neste caso é que o suposto namorado(a) não passa de um 2º "amigo colorido" que é mantido na ignorância e que anda a ser enchifrado à força toda.

O que é então este elemento nesta relação?

Aos olhos dele(a) é o namorado.

Aos olhos do outro elemento da relação é mais um "amigo colorido".

Aos olhos da sociedade é um corno.

Como vêm é tudo uma questão de definições.

Confusos? ou esclarecidos?

Até à próxima.

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